21.5.12

Never waste my love, my time.






Já ninguém presume que o amor seja simples, directo... e a juntar à clemência, verdadeiro. Isto porque teimamos em não aprender que o começo não pode ficar-se pelo fim. É que Kaurismaki é o puro dos mais puros em mostrar que o descalabro em conjunto une um amor que se prometeu em palavras eternas mas espaçadas de breves segundos (ou não fossem os personagens do realizador trôpegos, mas não mudos nem gagos, nunca gagos). Demorei a entender que é isso o que mais me choca em Ariel e nos consequentes filmes de Kaurismaki (que, já entendemos, ele conta sempre a mesma história nos seus filmes). É que o realizador assume tudo à primeira palavra, os seus personagens não questionam, actuam. Oh, como actuam! E a vida acontece-lhes; não uma vida qualquer de um documentário. Uma vida de Rock and Roll, de roubos, navalhas e tiros. Pouco sangue, poucas lágrimas, não há desperdícios. Como se sabe, não se desperdiça o amor. Não se desperdiça o tempo de amar, a película é cara, a vida também.

(fotogramas do filme Ariel, de Aki Kaurismaki, 1988)
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