28.7.11

Questionários, livros e afins.




O querido Pedro desafiou-me para responder a um questionário sobre livros, frases, êxtases literários e outras quantas coisas relacionadas com livros. Eu, infelizmente, admito alguma preguiça em responder, ainda para mais nesta altura de andanças intercontinentais que colocam a minha estante bastante longe. De todas as formas, e achando que o mais interessante é captar alguma essência daquilo que a literatura nos deixa marcado na pele, quero partilhar-vos um acontecimento inesperado que tive o ano passado ao ler "As Vinhas da Ira" do John Steinbeck. Pela primeira vez ao ler um livro, tive plena noção de ler um capítulo (o XIV) e achar que, até à data, nunca tinha lido nada tão maravilhoso. Eu não me deixo iludir; não se enganem... e ainda assim, proponho-vos um exercício de deleite. Disponibilizo o capítulo inteiro (sim, tive que o dissecar) para quem o quiser ler na íntegra. Basta mandar um mail (bolbotenue@gmail.com). Não se preocupem os envergonhados que não faço perguntas, nem peço justificações. Posso é ganhar cúmplices, e isso, é sempre bom.

"As causas escondiam-se bem no fundo e eram simples - as causas eram a fome, a barriga vazia, multiplicada milhões de vezes, fome na alma, fome de um pouco de prazer e de um pouco de tranquilidade, multiplicada milhões de vezes; músculos e cérebros que ansiavam por crescer, trabalhar, criar, multiplicados milhões de vezes. A última função clara e definida do homem – músculos que querem trabalhar, cérebros que querem criar para além das simples necessidades – isto é o homem. Construir um muro, construir uma casa, um dique, e pôr nesse muro, nessa casa, nesse dique algo do próprio homem, é retirar para o homem algo desse muro, dessa casa, desse dique. Obter músculos fortes à força de os mover, obter linhas e formas elegantes pela concepção. Porque o homem, ao contrário de qualquer coisa orgânica ou inorgânica do universo, cresce para além do seu trabalho, galga os degraus das suas próprias ideias, emerge acima das próprias realizações."

 Excerto de As Vinhas da Ira de John Steinbeck.


A fotografia é conhecida e repetida aqui no blog. Mas como é minha e são os meus livros, acuso-me satisfeita com a reincidência. 
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